Mateus Galdino Cardoso

O início

Desde pequeno, eu sempre tive uma obsessão em aprender mais sobre tudo o que fosse possível. Matemática, ciências, esporte - acadêmico ou não acadêmico, não importava. Se chamasse minha atenção, eu me dedicaria com todas as minhas forças para aquilo. Em muitos momentos, devo admitir, as aulas que tinha na escola não me atraíam muito, e várias vezes eu passava mais tempo lendo os livros por conta própria do que realmente prestando atenção. Lógico que esta atitude me trouxe alguns problemas, visto que eu, muitas vezes, não sabia o que realmente era dado em aula. Mas justamente por isso tive que desenvolver uma característica minha que carrego até hoje em meus projetos: a autonomia . Sempre estudava muito melhor sozinho, escrevendo e aprendendo do meu jeito (e, em muitos casos, ensinando outros amigos), do que sentado em uma cadeira por horas a fio.

Quando finalmente cheguei no Ensino Médio, ainda tinha dúvidas do que realmente me atraía. Como sempre me interessei por vários tópicos diferentes, escolher só uma área era muito difícil. Com quinze anos, comecei um curso técnico na área de Meio Ambiente, e o contato com o laboratório me fez tomar uma decisão: queria seguir uma área científica. Sendo mais específico, decidi que queria aprender mais sobre Química . Por isso, logo depois de concluir o Ensino Médio e o Ensino Técnico, prestei o vestibular para o curso de Química da Universidade de São Paulo (USP), sendo aprovado naquele ano.

Meu tempo na universidade: primeiro contato com a ciência no lugar que transformou minha vida

Quando eu entrei na USP, aos 17 anos, eu sabia que encararia o maior desafio da minha vida. O ambiente universitário era enorme, e oferecia várias oportunidades - e eu estava disposto a pegar todas. Durante o começo da minha graduação, participei de algo que queria desde o Ensino Médio - a pesquisa . Com 18 anos, no segundo ano de curso, entrei em um projeto de pesquisa na área de Enzimologia. Como só teria aulas de Bioquímica avançada a partir do terceiro ano, tive que aprender conceitos e técnicas que nunca tinha ouvido falar na minha vida para realmente entender o que estava fazendo no meu dia a dia no laboratório. Foi também com este projeto que participei do meu primeiro congresso científico, no qual tive que apresentar meu trabalho para avaliadores que estavam em um patamar muito maior do que o meu.

Após meus dois anos neste projeto, decidi que queria experimentar coisas novas. Neste período, me matriculei em mais disciplinas do curso da Licenciatura e tomei uma das melhores decisões do meu tempo como universitário: entrei para o time de basquete do Instituto de Química da USP. Durante a Licenciatura, na qual tive que dar aulas na rede de ensino público da cidade de São Paulo. Com esta experiência, aprendi uma coisa que vários anos de aula não ensinam: como lidar com outros, entendendo suas necessidades. Quando tinha que preparar minhas aulas, ou antes de entrar em uma nova turma, sempre tinha que levar em consideração que encontraria pessoas com passados e gostos diferentes, de modo que sabia que uma aula padronizada e pouco inspiradora não traria nada de positivo. Ao mesmo tempo, me matriculei em disciplinas da especialização em Bioquímica e Biologia Molecular, sempre buscando manter minha paixão pela Bioquímica acesa.

Por fim, durante meus quatro anos como jogador de basquete universitário, também aprendi lições fundamentais. Disciplina, esforço, regularidade, dedicação e trabalho em equipe são só algumas que eu poderia listar. Se eu quisesse jogar o tanto que eu queria, deveria mostrar que merecia. Além disso, conheci pessoas sensacionais, que me fizeram evoluir como ser humano. Com eles, participei de competições universitárias em outras cidades, ajudei a organizar eventos para coletar dinheiro para o time, dentre várias outras atividades.

Mas, e agora?

Depois de concluir o curso de Química em 2019, eu trabalhei por um ano como técnico do Instituto de Química da USP, como estagiário, e atualmente trabalho como um professor bilíngue de Química/ciências no colégio Beit Yaacov. Também tenho grande interesse pela área da programação, com foco em análises estatísticas e modelagens matemáticas, um projeto pessoal que coloco meu foco há um ano e meio. Com o que aprendi até agora, participo de um projeto de pesquisa no Instituto de Pesquisas de Energia Nuclear (IPEN). Em um futuro próximo, pretendo realizar um mestrado/doutorado na área de Bioquímica.